António Sangarrote é um dos beneficiários de Sistemas Agroflorestais (SAF’s), implementados com o apoio técnico e financeiro do Projecto de Investimento Florestal em Moçambique (MozFIP). Vive no distrito de Mulevala, na Província da Zambézia. Além de ser beneficiário do projecto, é facilitador e assiste a outros 30 camponeses a quem ensina técnicas sustentáveis de produção, que consistem no cultivo de culturas agrícolas e espécies arbóreas (fruteiras ou melhoradoras de solo), optimizando o uso da terra e contribuindo para a preservação do meio ambiente e a produção de comida.
Sangarrote é beneficiário desde a campanha 2019/2020 e, inicialmente, optou por produzir feijão bóer, milho e amendoim. Mas não teve boa colheita naquele ano devido a chuvas irregulares e outros factores. Entretanto, não desistiu. Expandiu a sua área de produção de um para dois hectares e meio. Na campanha 2020/2021, os resultados foram positivamente surpreendentes.
“Nesta campanha o rendimento foi positivo. Na colheita, consegui obter cerca de uma tonelada de milho e uma tonelada e meia de amendoim. Falta colher o feijão bóer, mas noto que terei uma colheita excelente” (António Sangarrote, beneficiário dos Sistemas Agroflorestais).
O beneficiário avalia que os sistemas agroflorestais têm muitas vantagens, não apenas sob ponto de vista económico, mas também ambiental.
“O nosso grande ganho com o projecto, além do aumento da produtividade nos nossos campos, tem também a ver com os aspectos ambientais. Antes, sempre que quiséssemos abrir uma nova machamba fazíamos queimadas. Agora não fazemos mais isso” (António Sangarrote, beneficiário dos Sistemas Agroflorestais).
"Cajueiros já começaram a florir"
Para implementar SAF’s, este beneficiário escolheu cajueiros como fruteiras e gliricideas para melhoramento do solo. Ele sabe que os resultados dessa combinação podem levar algum tempo para aparecerem. Mas lhe surpreende o facto ver parte dos seus 78 cajueiros, em tão pouco tempo, começarem a dar frutos.
Beneficiários satisfeitos com nível de
sobrevivência de espécies arbóreas
José Luís Armando, outro beneficiário, recebeu 84 árvores nas duas últimas campanhas agrícolas e todas estão vivas. Satisfeito com o seu desempenho, ele fala dos desafios para assegurar a sobrevivência das plantas, sobretudo na primeira campanha, com pouca chuva.
“Não foi fácil porque na primeira campanha quase não choveu, mas tive que recorrer à rega. Nesta última campanha não tivemos muitas dificuldades, por isso, os resultados são bons” (José Luís Armando, beneficiário de SAF’s).
Candrinho pratica SAF’s desde 2019. Este ano, com a venda do excedente de produção (amendoim e feijão bóer) conseguiu comprar uma bicicleta e material escolar para os seus filhos e vai reabilitar a casa em que a família vive.
“Agradeço muito ao Projecto MozFIP. No início desta campanha eu não tinha nem semente, mas com a ajuda do projecto consegui semear amendoim e do feijão bóer. O resultado é o que se pode ver no meu campo. Além das sementes que recebemos, o projecto ensina-nos técnicas de produção. Antes, só abríamos machambas, fazer queimadas e começávamos com a lavoura. Mas agora já não fazemos assim. Além disso, com as espécies melhoradas dos solos que recebemos, temos certeza que os nossos campos vão melhorar a fertilidade.
Comercializadas mais de 60 toneladas de produtos
agrícolas na presente campanha agrícola
Mais de 60 toneladas de diversos produtos agrícolas, com destaque para amendoim, soja e milho, foram comercializadas pelos beneficiários dos Sistemas Agroflorestais nos distritos de Gúruè, Mulevala e Mocubela na província da Zambézia.
Amendoim e soja são as culturas que tiveram maior contribuição com 28 e 25 toneladas respetivamente e o milho, 8 toneladas.
Nelson Jackson, especialista de Desenvolvimento Comunitário, que preta assistência técnica aos beneficiários na implementação dos Sistemas Agroflorestais diz que os produtos comercializados representam apenas 14 porcento do volume da produção na campanha agrária 2020/2021 naqueles distritos e entre as famílias beneficiárias do Projecto MozFIP e praticantes de SAF’s.
